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O FIM DO FUTEBOL DO JEITO QUE O POVO GOSTA

O FIM DO FUTEBOL DO JEITO QUE O POVO GOSTA

Por Walmir Rosário*
Inacreditável! A desastrada Confederação Brasileira de Futebol, mais conhecida
como CBF, tenta acabar de vez com o futebol brasileiro, mas não é deixando de
realizar os jogos em todo o Brasil. Não, eles escolheram um jeitinho e
pretendem tornar o futebol um jogo amorfo, sem espetáculo, sem jogadas
bonitas, um jogo praticado por pernas de pau ou autômatos.
Se hoje os jogos de futebol não merecem mais serem chamados de
espetáculos, com raríssimas exceções, as frequentes canetadas oficiais o
tornarão uma espécie de filme mudo, mas sem a graças dos grandes artistas. E
essas proibições vêm sendo implantadas há anos, sob qualquer pretexto, quem
sabe até globalistas. Perdoa, Pai, pois eles não sabem o que fazem.
O buraco é mais em baixo e eles sabem, sim, o que querem, e isto está
largamente comprovado. De início, foram proibidos os dribles, os olés, as
embaixadinhas, eliminando em campo as habilidades individuais. Agora não
podem pisar com os dois pés na bola. Isso não pega bem, pois parece histórias
de antigamente, quando quem mandava no jogo era o dono da bola. Ou ele
jogava ou levava a bola para casa.
Sei que hoje não temos mais o Garrincha com as pernas tortas promovendo
misérias em campo, fazendo os adversários de gato e sapato. Para alguns, os
dribles do camisa 7 do Botafogo eram desmoralizantes, nem tanto, pois ele
jogava o que sabia e mais alguma coisa. Daqui a mais um tempo os craques do
futebol serão “castrados” e não poderão fazer qualquer espetáculo.
Meu saudoso amigo Danielzão, que jogou como goleiro e centroavante no
futebol amador e profissional de Itabuna e Salvador, dizia há muitos anos que
os cartolas e técnicos tinham a intenção de acabar a beleza e produtividade do
futebol. Ele explicava que, enquanto os gringos levavam nossos jogadores para
a Europa a peso de ouro, para a aprenderem nosso futebol, por aqui queríamos
jogar como os gringos, sem gingas e maneios de corpo.
Não sabe – ou não quer saber – o presidente da CBF, que os “arquibaldos e
geraldinos”, expressão criada pelo tricolor Nelson Rodrigues para se referir aos
frequentadores das arquibancadas e geral do Maracanã, iam aos jogos para
assistirem verdadeiros espetáculos. E as partidas no “Maraca” contabilizavam
até mais de 200 mil expectadores, melhor, torcedores.
Duvido que alguém sairia de sua casa numa noite chuvosa ou numa tarde
escaldante para assistir a uma partida de futebol maçante, sem os dribles de
tempos recuados, hoje proibidos…nem pensar. Jamais veremos um lançamento
de 80 metros feito pelo canhotinha Gerson, cuja bola morreria no peito do
companheiro, que marcará o gol. Um espetáculo pra ninguém botar defeito,
nem os adversários.

Será que a direção da CBF já assistiu aos jogos entre o Botafogo e Santos, em
qualquer um deles impossível de adivinhar o placar final? Com a CBF de hoje
Pelé seria ainda um jogadorzinho de várzea, por ser tolhido de protagonizar
suas brilhantes jogadas. Garrincha nem entraria em campo, pois com certeza
não saberia jogar o futebol burocrático pregado pelos atuais cartolas.
Hoje vale mais para a CBF os astronômicos salários dos dirigentes das
federações bem acima dos R$ 200 mil mensais, do que oferecer um espetáculo
futebolístico à altura dos praticados pelos brasileiros. Ao que parece eles
tentam matar a galinha dos ovos de ouro, não se contentando meter a mão
somente nos ovos. Tudo indica que querem comer a galinha, e de uma só vez.
Na minha geração, bem como a dos mais novos, nos acostumávamos com os
espetáculos já nos campinhos de babas próximos de nossas casas, nos
entusiasmando ir às tardes de domingo ao campo da Desportiva assistir às
apresentações cinematográficas dos nossos craques amadores. E digo mais:
tínhamos pra mais 100, para formar seleções brasileiras superiores às de hoje.
Sou do tempo em que o futebol em campo obedecia a uma cadência musical
espetacular, sem destoar das músicas tocadas pelas charangas nas
arquibancadas de nossos estádios. Sou do tempo em que um jogador era
escalado pelo futebol que praticava seria substituído por outro de igual
qualidade. E não me arrependo, pelo contrário, me orgulho.
Não tenho receio em dizer que não perco mais o meu tempo a ver malfadados
jogos da seleção brasileira com jogadores escalados pelos seus empresários,
como dizem largamente representantes da imprensa brasileira. Melhor ser
socorrido pelo Youtub e relembrar os bons jogos do passado, que mesmo já
sabendo do resultado, voltamos a assistir com emoção.
Nesse diapasão, provavelmente chegará o tempo em que os times terão seus
resultados programados para que não sofram qualquer tipo de bullying e se
sintam assediados e oprimidos pelas equipes adversários. Lembrem-se, no
futebol o jogador bom é aquele que provoca o jogo e intimida os adversários
com gols de beleza plástica sem igual. É do futebol!
Acredito que serei classificado como um saudosista, que não conhece nada de
futebol, haja vista o presidente da CBF ter sido reeleito por 100% dos
presidentes de federações e dos clubes das séries A e B. Portanto, nada de
reclamações. Pelo visto nunca mais assistiremos aos espetáculos com mais de
200 mil torcedores, números que minguam a cada dia. VARlei-me….

*Radialista, jornalista e advogado.

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