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O ENCONTRO ENTRE ACM, GERALDO SIMÕES E JOÃO XAVIER

O ENCONTRO ENTRE ACM, GERALDO SIMÕES E JOÃO XAVIER

Por Walmir Rosário*

O ano é 1993. Os personagens, João Xavier, Geraldo Simões e o todo-poderoso
governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães (ACM). O palco, era o prédio da
Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia, onde os prefeitos e vereadores eram
recebidos e apresentavam as reivindicações para suas cidades. Conforme o interesse,
eram encaminhados com os famosos memorandos, ou recebiam o clássico “não”.
Eleito no embalo do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello e na briga
travada pelos candidatos a prefeito de Itabuna José Oduque Teixeira e Ubaldo Dantas, a
“zebra” Geraldo Simões resolveu ir ao governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães
para reivindicar obras para Itabuna. E junto levou seu vice-prefeito João Xavier, então no
Partido Socialista Brasileiro (PSB), e tido como um político conciliador.
Essa atitude, pensada e repensada pelos marqueteiros da prefeitura, daria ao então
prefeito Geraldo Simões o status de estadista, ao procurar o governador – seu mais
terrível adversário político – de forma institucional. Audiência marcada, chegam à
governadoria o prefeito Geraldo Simões e seu vice, João Xavier, ainda desconfiados sobre
o que poderia acontecer, a depender o humor de ACM.
Conforme o protocolo, o encontro iniciou um pouco tenso, mas com a devida troca de
amabilidades, eis que chegam ao assunto que interessava e pelo qual solicitaram a
audiência: a apresentação da lista de reivindicações para Itabuna. E não era pequena,
pois Geraldo Simões pretendia mostrar serviço aos eleitores, com grandes projetos a
serem realizados em toda a cidade.
O encontro com ACM, na visão de Geraldo Simões e João Xavier, valeria pelos recursos
que poderiam ser investidos em obras e serviços pelo Governo do Estado, sobretudo na
área de infraestrutura e serviços. Para quebrar o gelo inicial, ressaltam os laços de
amizade que une ACM a Itabuna, terra em que nasceu sua esposa [dona Arlete],
descendente de importante família.
No planejamento dos visitantes, a audiência também seria uma espécie de aval para a
liberação de recursos federais para Itabuna, haja vista a influência de ACM junto aos
sucessivos governos federais. Espertos, dariam, ao mesmo tempo, uma batida no cravo e
outra na ferradura. E o terreno já estava preparado com os grandes contratos celebrados
entre o governo petista e o jornal Correio da Bahia, sem o conhecimento de ACM.
Conforme iam anunciando cada uma das reivindicações, faziam um detalhamento do
projeto e explicavam a importância para o desenvolvimento de Itabuna, que estaria pronta
para retomar o seu desenvolvimento. A cada uma delas o governador ACM tecia
considerações, descartava algumas por falta de recursos, outras dizia ser competência da
União e, as que aprovava, escrevia um memorando destinado aos secretários cabíveis.
Com as conversas em bom tom, Geraldo e Xavier pedem a ACM a união de forças
democráticas em benefício de Itabuna, que pela primeira vez teria um governo
participativo, em que as obras e serviços seriam escolhidas após ouvir a sociedade. E

nesse momento pede o apoio do governador para carrear os recursos do governo federal,
no tocante às obras já mencionada e outras futuras.
Após analisar os pedidos, ACM perguntou quais as prioridades e foi dizendo o que poderia
fazer de pronto e quais encontraria dificuldades, seja por falta de recursos estaduais ou
federais para tanto. Foi aí que o vice-prefeito João Xavier começou a nomear como
urgente e urgentíssima a conclusão da construção do estádio Luiz Viana Filho, até hoje
incompleto e que continuaria prejudicando o esporte itabunense.
Para completar, João Xavier falou das dificuldades por que passava o Itabuna Esporte
Clube, que já alcançou o vice-campeonato baiano de profissionais e o campeonato baiano
de juvenis, e que agora estaria com muitas dificuldades. Para tanto, precisaria de mais
apoio ao time e o complemento do estádio Luiz Viana Filho (Luizão), também conhecido
como o Gigante do Itabunão.
Foi aí então que ACM não se conteve e disse, em tom de gozação:
– Ô Xavier, se nem time você tem, pra que essa urgência na construção do estádio. Vamos
deixar isso de lado e construir outras coisas… – ponderou o governador.
Após o susto, ACM brincou com os dois e não se falou mais no “Luizão”.

*Radialista, jornalista e advogado

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