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HISTÓRIAS DE MORTE E ENTERRO

HISTÓRIAS DE MORTE E ENTERRO

Por Ramiro Aquino*

DESTA VEZ CHOREI – Estou falando da morte de Calixto Midlej Filho, dono da loja Consul e por 12 anos Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, que ele transformou e reconstruiu. Eu trabalhava no Jornal Agora e José Adervan, o proprietário do hebdomadário (procurem o Aurélio), sabendo das nossas ligações, me escalou para cobrir os últimos momentos do moribundo. Foi no Hospital Santa Cruz (hoje, Calixto Midlej Filho) e quando via, pelo vidro, os últimos suspiros de Calixtinho, entrevistava os seus amigos, médicos da instituição e funcionários queridos. E Calixto deu o suspiro final. Concluí as entrevistas, constrangido ao extremo e voltei para a redação

Sentei-me frente à novíssima Olivetti e comecei a escrever sobre a morte do amigo. Só então me dei conta da terrível tragédia que havia presenciado. Quem o sucederia? Quem seria o construtor meticuloso? Quem conversaria com as irmãs religiosas e funcionários com conhecimento de causa? Quem discutiria com engenheiros, arquitetos, mestre de obra se a ranhura central dos parafusos estavam assimétricas? As lágrimas choviam sobre a máquina enquanto me lembrava de tudo o que Calixtinho tinha feito. E continuei a chorar.

MEU ENTERRO NÃO ERA AQUELE – Conhecido advogado RCB esperava pelo féretro de um amigo/colega que tinha falecido noite anterior. Escolheu, para esperar o enterro, tomar umas cervejas no Bar Cinderela, em frente ao Fórum Ruy Barbosa, passagem obrigatória de todos os féretros. Depois de 12 cervejas, quando passa um enterro. Ele paga a conta e o segue. Era desses que gostava de discursar à beira de túmulo e começa seu pronunciamento: “Era um grande amigo, grande colega, grande servidor de nossa causa, nos deixou órfãos…” Quando foi interrompido pelo filho da vitima: “Minha mãe era do sexo feminino e nunca foi advogada…” O causídico não perdeu a calma e concluiu: “Estou no enterro errado, o meu é aquele que vem chegando…

Com toda a fleuma se dirigiu correndo para o enterro do colega.

O ENTERRO DE CABRAL – Estava eu no velório do tio de uma funcionária da TV Cabrália. Eu nem conhecia o tio e minha presença ali na casa mortuária era para prestigiar a colega e dar número, já que o defunto era de cidade distante. Chegou nosso personagem, JOT, que gosta de fazer discursos em enterros, seja em túmulo luxuoso, chão ou gaveta e me perguntou: “Quem é o defunto?” Disse que era tio de uma colega da Cabrália e porque estava ali. Ele pediu a palavra diante da gaveta onde seria o sepultamento e disparou: “Conheci os Cabral desde a farmácia de seu Domingos…conheci os meninos ainda muito jovens…” Lhe interrompi dizendo que o enterro nada tinha com “aqueles” Cabral e que o morto era apenas tio de uma funcionária da TV Cabrália. Ele saiu de fininho. Nem a lembrança parecia ser com ele.

*Radialista, Jornalista e Cerimonialista

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