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FERNANDO RIELA É CONVOCADO PARA A SELEÇÃO DO CÉU

FERNANDO RIELA É CONVOCADO PARA A SELEÇÃO DO CÉU

Nesta quarta-feira (22) o esporte fica de luto e os desportistas perdem um ídolo: Fernando
Riela, o maior ponta-esquerda do futebol de Itabuna, que há muito vinha driblando as
complicações cardíacas. De repente, por uma leve distração ou pelos efeitos sobrenaturais
do futebol, Fernando Riela não conseguiu chegar ao fim da linha esquerda com a bola nos
pés e cruzar para o gol, como fazia no velho campo da Desportiva.
Perdeu a bola para o adversário – seu próprio coração – e tomou um gol de contra-ataque
nesta madrugada. Infelizmente, perdeu o jogo, não o do seu Fluminense ou da gloriosa
Seleção Amadora de Itabuna e no Itabuna Esporte Clube, mas da vida, para a tristeza de
familiares, amigos, admiradores. É sempre assim, nem sempre conseguimos ganhar todas
as partidas, às vezes empatamos, outras perdemos.


E Fernando Riela estava acostumado com os altos e baixos do futebol, onde muitas vezes
dominava o jogo inteiro, estraçalhava o adversário, aplicava-lhe dribles infernais e não
conseguia a chegar ao gol. Na vida também é assim. Passamos boa parte de nossa
existência numa boa, ganhando todas, e lá pela frente nos alcança o cansaço, próprio dos
anos vividos. Bem ou mal vividos, tanto faz.
O que importa é completar o ciclo por cima, amparado pelo que fizemos de bom, o que
deixaremos como exemplo para a sociedade que nos cerca. É o chamado legado, no caso
de Fernando Riela, bem positivo. É certo que ninguém está livre de tomar uma bola “pelas
costas” num cochilo qualquer, mas logo retomada com maestria e finalizada com um gol
magistral.
Mas o tempo não perdoa. A cada minuto o árbitro da partida está de olho no relógio,
preocupado com os 45 minutos do segundo tempo, impedindo qualquer avanço para a
linha de fundo. Às vezes, até dá pra cruzar a bola, que nem sempre chega à cabeça do
centroavante e ir ao fundo da rede e partirmos para comemorar mais um tento na nossa
vida, o que equivale ao “por pouco não chegamos lá”.
Você deve lembrar com saudade, Fernando, de quando recebia a bola e partia para a linha
lateral cercado de zagueiros, controlando a bola coladinha no pé esquerdo e passando –
de passagem – por todos eles? Claro, como poderia esquecer essa jogada, que terminava
com um lançamento para a pequena área e gol. Como esquecer a galera inteira do campo
da Desportiva aclamando mais um gol! Impossível esquecer!
Quatro irmãos, quatro craques! Fernando, Carlos, Leto, Lua. Uma família boa de bola. Boa
de bola é pouco, isso era para quem não gostava de futebol. Uma família de craques
testada e aprovada por onde passaram. Em campo chegavam a ser adversários: Dois no
Fluminense – Fernando e Carlos, no Flamengo – Carlos, e Lua, o mais novo, no Janízaros,
cada qual com seu estilo e posição.
Se separados eram bons, imaginem juntos na invencível Seleção Amadora de Itabuna, que
chegou ao octa campeonato. Uma emoção e tanto para os torcedores, imaginem para os
outros tantos craques que atuavam juntos. Como ouvi algumas vezes de outro craque

dessa época, o meu amigo Bel (Abelardo Moreira), era fácil jogar com tanta inteligência e
ginga junto, tudo ficava mais fácil.
Mas Fernando Riela não foi somente um jogador de futebol, melhor, o jogador de futebol,
ou como o definiu o também jogador Maurício Duarte, com passagens por grandes clubes
brasileiros: Fernando Riela foi o Garrincha pela ponta-esquerda. Fora dos gramados, era
um amigo leal, um pai de família exemplar, um empresário, um cidadão sempre disposto a
participar dos eventos do bem.
Dos quatro, dois estão entre nós, Carlos e Lua. Leto, e agora Fernando já nos deixaram
por terem sido escalados por Deus para a seleção do Céu, onde jogam ao lado de tantos
colegas. Lembram de Tombinho, Santinho, Léo Briglia, Jonga Preto, Luiz Carlos,
Humberto, Danielzão, Valdemir Chicão, Neném, Santinho, Humberto Cézar, Zequinha
Carmo, Amilton e tantos outros, animados pela charanga de Moncorvo.
Fernando Riela jogou em Itabuna, mas pelo futebol que jogava poderia ter atuado no time
que quisesse e somente não estreou no Vasco da Gama para atender a um pedido do seu
pai, seu Astor, que não abria mão de não ver seu filho jogando naquele Fla-Flu grapiúna.
Atendendo ao pedido paterno, deixou o Rio de Janeiro, viajou para Itabuna e jogo no
clássico. Estraçalhou o Flamengo, embora tenha perdido o jogo no segundo tempo.
O tempo que não para, não perdoa quando é chegada a hora, como não parou agora.
Walmir Rosário;Radialista, jornalista e Advogado

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