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E POR FALAR EM SAUDADE…JÁ SE FORAM MAIS TRÊS

E POR FALAR EM SAUDADE…JÁ SE FORAM MAIS TRÊS

Nesses últimos dias o Pai Criador de todas as coisas deste mundo tem chamado para
perto de Si uma turma boa, daquelas que já começaram a fazer muita falta aos amigos
que deixaram aqui na terra. Toda a nossa amargura se reverterá na eterna – enquanto
dure – saudade, pois temos que reconhecer a sabedoria Divina nas sábias escolhas que
sempre faz.
Devem ter cumprido suas missões aqui pelo mundo terreno e, quem sabe, chegou a hora
de darem uma mãozinha ao Criador na infinita missão de tornar melhor a humanidade,
atualmente tão afastada da espiritualidade. Enquanto o materialismo campeia a passos
largos, cada um segue caminhos mais que diferentes, antagônicos, em que vale mais a
obediência à ideologia sectária, opressiva, que dispõe do homem apenas e tão somente
como um objeto de dominação do Estado.
Em menos de um mês perdemos aqui no Sul da Bahia três pessoas que sempre foram
além da conta, como o padre João Oiticica (28 de abril), um missionário que levava o
nome de Deus aos ilheenses. Problemas renais o tiraram deste mundo e sequer pode
receber as últimas homenagens do rebanho que apascentou por anos a fio e que lhe
devotavam muito respeito e admiração.
Em pouco mais de duas semanas recebemos com pesar a notícia da morte do Bispo
Emérito de Itabuna, Dom Czeslaw Stanula, acometido de pneumonia, Chicungunha e
neoplasia da próstata. De origem polonesa, Dom Ceslau (como passou a ser chamado)
viveu as dificuldades em sua terra massacrada pela guerra e o domínio comunista e
dedicou sua vida a fazer o bem à humanidade.
Em Itabuna, onde chegou em 1997, encontrou parte da diocese desviada de sua
finalidade, descuidando das coisas de Deus e privilegiando sobremaneira a política
partidária. Com muita sabedoria soube separar o que era de Cesar e o que era de Deus,
retomando os ensinamentos de Jesus Cristo, de forma apostólica para promover a
salvação do homem.
Figura carismática, Dom Ceslau pacificou ânimos com sua sabedoria. Ao entrevistá-lo,
convidei-o para escrever um artigo semanal no jornal Agora, do qual era o editor, sobre
assuntos litúrgicos e da Igreja, de forma geral. A cada semana nos brindava com grandes
peças sobre a fé, lidos e debatidos pela comunidade católica com grande repercussão no
Sul da Bahia.
Muitas das vezes, quando não recebia o e-mail no prazo do fechamento, nos
comunicávamos e o encontrávamos em vários países dos diversos continentes pregando
missões, embora aqui pouco soubéssemos do conceito internacional que gozava. Nos
bate-papos descontraídos, quando eu comentava sobre meus tempos de seminarista
capuchinho e que poderia lhe dar trabalho hoje caso tivesse me ordenado, dizia de forma
risonha: “Meu filho, Deus é muito sábio e me poupou desse contratempo”.

Nesta terça-feira (19), recebo um telefonema de minha amiga jornalista Maria Antonieta
(Tonet) informando da morte do amigo Robson Nascimento, com o diagnóstico de ter
contraído o vírus Covid-19. Robson era um daqueles amigos inseparáveis e nos falávamos
cerca de três vezes por dia, a última ligação no dia 7 de maio, quando se queixou de uma
gripe e tosse – não a seca – que lhe estava causando dores de cabeça.
Recomendei sua transferência para a casa de praia, onde poderia caminhar diariamente
nas areias da praia dos Lençóis e fortalecer o corpo e o espírito, notadamente o pulmão,
órgão sensível ao vírus. Embora fosse ele que estivesse acamado, manifestava a toda hora
os cuidados que eu e minha mulher deveríamos tomar para não ser infectado e
recomendava: “Muito cuidado, não saia de casa!”. Outros telefonemas não foram
atendidos, pois já se encontrava internado e eu não sabia.
Robson é meu companheiro de lutas jornalísticas desde a década de 1980, quando viajava
a Bahia inteira e trazia dezenas de fitas com entrevistas e reportagens para darmos o
texto para o jornal Agora. No Correio da Bahia, do qual foi chefe da sucursal de Itabuna,
cobríamos o Sul, Extremo Sul e Baixo Sul da Bahia para a publicação diária e o caderno
Sul da Bahia, onde fiz reportagens memoráveis, com magníficas fotos dele.
De volta do Paraná e Santa Catarina, fui convidado a elaborar o projeto para transformar o
semanal jornal Agora em diário, e Robson foi uma das pessoas que pedi a contratação
para a direção comercial. Assim, fortaleceríamos as vendas e a torcida do Botafogo –
apenas eu e Joel Filho contra os flamenguistas Kleber Torres, José Adervan e Antônio
Lopes.
Edição de fim de semana fechada com mais de 100 páginas, a sexta-feira do Agora se
tornou famosa pelo encontro etílico semanal na sala do presidente Adervan – dividida com
Robson –, local dos comes e bebes. Abstêmio há anos, Robson participava da farra
beliscando um tira-gosto e fazendo o que herdou do pai: tirar fotos, as quais eram
imediatamente postadas nas redes sociais.
Por falar em encontros, fico meio ressabiado com nossos almoços promovidos pelo último
grande anfitrião de Ilhéus, Carlos Farias Reis, recentemente desfalcado pelo padre João
Oiticica, encarregado das orações com os pedidos de que nunca faltassem recursos e
vontade de novos convites. Agora, teremos sentiremos a falta do nosso fotógrafo oficial e
motorista da vez, dada sua condição de abstêmio.
Rogo a Deus que sensibilize nosso anfitrião Carlos Farias a realizar mais um almoço, desta
vez para relembrarmos e homenagearmos os ausentes fisicamente José Adervan, padre
João Oiticica, Robson do Nascimento, Moreia, Djalma Eutímio, dentre outros. Prometo que
chegarei o mais cedo possível para ajudar a transportar a mesa da diretoria, na qual terei
o merecido assento.
O tempo Urge!

Walmir Rosário;Radialista, jornalista e advogado

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