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DUDU DA GÁVEA? NÃO ACREDITO…

DUDU DA GÁVEA? NÃO ACREDITO…

Por Walmir Rosário
Dudu Rocha…quem diria… foi parar na Gávea. Torcedor apaixonado pelo Botafogo,
cansado com as perdas de decisões, Dudu devolve a faixa de campeão e resolve torcer
pelo inimigo. A notícia me deixou perplexo. Após ler e reler a missiva, sem acreditar no
que via, resolvi levar ao conhecimento dos amigos esportistas, torcedores diversos, até
onde chega o pensamento humano. Calma, eu explico:
Do amigo, parceiro de Alto Beco do Fuxico e torcedor do Fogão, como eu, Dudu Rocha,
recebo a seguinte missiva:
“Amigo Walmir:
Cansei!!!
Do amigo e ex-Bota
Dudu Rocha
29.05.08
Ainda pasmo e sem entender nada, eu lia e relia o texto enviado e o novo endereço do
remetente escrito no verso do envelope:
Rem: Dudu Rocha
Novo endereço: Gávea
Confesso que levei um terrível susto e somente consegui me recuperar de tamanho
choque após umas três doses da mais legítima Rio de Engenho, pois a cachaça se
apresenta como um remédio providencial para essas coisas, mormente quando o assunto
mexe com o coração.
Nem eu nem qualquer vivente frequentador assíduo ou não do Alto (Médio ou Baixo) Beco
do Fuxico conseguiria assimilar tal tresloucado gesto, tomado de uma hora para outra.
Ninguém, de sã consciência, teria coragem de acreditar numa história como essa, ainda
mais se tratando de um torcedor de quatro costados, filho da fina-flor da mais tradicional
família Rocha, todos botafoguenses, batizados e crismados com a camisa da estrela
solitária ao peito.
Na tentativa de me refazer do susto, imediatamente liguei para amigos mais chegados,
para repartir esse momento de infortúnio. Precisava saber se tudo não passava de um
sonho, de um profundo pesadelo. De início, liguei para José Senna, flamenguista
empedernido, capaz de abandonar qualquer farra nos bares da moda em Copacabana
para assistir a uma partida do seu Flamengo no Maracanã.
Não precisa contar que a primeira reação de Sena foi achar que eu estava com febre,
delirando, e disse na em cima da bucha:
– Ora, Rosário, está de porre, que cachaça brava foi essa que você tomou. Se não for
cana, ficou maluco – gritou ao celular.
Mais calmo, após as devidas explicações sobre o bilhete e a faixa a mim entregue, passou
à ofensiva:

– Bom, diga a ele que em princípio nós aceitamos, mas é preciso passar pelo conselho, já
que ele era useiro e vezeiro em ridicularizar nosso time. Vou conversar com a diretoria lá
no Rio, depois veremos. Mas pode ter certeza que a decisão será dada em alto estilo,
numa assembleia extraordinária da Confraria do Alto Beco do Fuxico – prometeu.
Não satisfeito, liguei, desta vez para um vascaíno, o Paulo Fernando Nunes da Cruz
(Polenga), que dentre os feitos futebolísticos traz assinalado em seu currículo o mérito de
ter levado o polêmico Eurico Miranda no Alto Beco do Fuxico, quando era presidente do
clube de São Januário. No Beco, mais exatamente no bar de Parente [Alcides Rodrigues
Roma], provou três doses de Angélica, devidamente curada, e para arrematar ainda
participou de cerca de 18 garrafas de Brahma bem gelada.
Mas voltando ao assunto, que é o que interessa, Polenga ficou injuriado com a proposta
de Dudu Rocha de se transferir de mala e cuia para o Flamengo, um time com as cores
vermelho e preto.
– Quem já viu isso, seu Walmir, se pelo fosse para o Vasco, que é branco e preto como o
Botafogo, ainda vai lá! Isso é uma heresia. Desde que Dudu deixou Itabuna para ir morar
em Ilhéus que estou desconfiando que ele não está batendo bem da cabeça –,
diagnosticou Polenga, com ar proeminentemente professoral.
De lá pra cá, mais não se teve notícia de Dudu Rocha, que deixou de vir a Itabuna, pra
saudade dos colegas do Beco. Tampouco José Senna deu resposta de sua reunião com o
tal Conselho do Flamengo, no Rio de Janeiro, ficando o dito pelo não dito. O que é certo é
que nenhuma assembleia extraordinária da Confraria do Alto Beco do Fuxico foi
convocada.
Como não tive coragem de apresentar a proposta de Polenga a Dudu Rocha, também não
sei se ele teve coragem de cometer o tão tresloucado gesto, desprezando General
Severiano e o Engenhão, para se bandear para as acanhadas acomodações da Gávea,
infestada de urubus.
Acredito que quem não deve estar em paz é o velho Dunga, seu pai, que nunca pensou
ter alguém em sua família capaz de cometer tamanho sacrilégio. De minha parte, acho
que valeram as orações feitas, não tanto por ele, por estar abilolado, mas pelas gozações
que por certo seriam a mim impostas pelos colegas de Beco e outros refúgios etílicos
existentes Itabuna afora.

Radialista, Jornalista e advogado

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