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BEL, CRAQUE COM CURRÍCULO DE CAMPEÃO-Por Walmir Rosário*

BEL, CRAQUE COM CURRÍCULO DE CAMPEÃO-Por Walmir Rosário*

Se hoje em dia os clubes famosos do continente europeu espalham olheiros mundo afora
em busca de promessas de novos craques, nas décadas de 1950 e 60 já tínhamos nossos
agentes secretos, se bem que paroquianos, no entorno de Itabuna e Ilhéus. E eles
funcionavam bem, descobrindo craques nos bairros e nas pequenas cidades. E posso
atestar que eram craques de mão cheia.
Um desses é Abelardo Brandão Moreira, que respirava o futebol a partir de casa, passando
pelos campinhos, quadras de futebol de salão até chegar de vez no Campo da Desportiva,
templo sagrado do futebol itabunense. E aos 15 anos, calçava chuteiras e o uniforme
rubro-negro do Flamengo de Itabuna, considerado um “ninho de cobras”, dada a
qualidade do plantel.
E o craque, ainda com a cara de menino, disputava a bola nos gramados com o que tinha
de melhor no futebol itabunense. Entrava em campo numa boa e distribuía passes
magistrais aos companheiros em campo, grande parte titulares ou reservas da notável
Seleção de Itabuna, a hexacampeã baiana. E não podia ser diferente, em 1963 se sagra
campeão de Itabuna, num certame pra lá de disputado.
E no Flamengo Bel dividia parte do campo com Luiz Carlos, Nocha, Piaba, Abieser e Leto;
Waldemir Chicão e Tombinho; Gajé, Nélson Piroca, Caçote e Luiz Carlos II. Nesse time
ainda jogavam craques do quilate de Carlos Alberto, Péricles, Zé David, Maneca, Tertu,
Santinho e Zequinha Carmo, e como promessas, Lua e Bel. O técnico era Gil Nery, o
mesmo da Seleção de Itabuna. Quem viu não consegue esquecer o bom futebol praticado.
Em 1964 Bel recebe o convite para integrar o Janízaros e se muda com armas e bagagens,
levando consigo um futebol em plena ascensão. Foram dois anos de sucesso, reinando
absoluto no campeonato itabunense, condecorado com as faixas de campeão por dois
anos seguidos – 1964 e 1965. Para coroar sua carreira também foi convocado para a
Seleção de Itabuna, penta e hexacampeã baiana.
O Janízaros era um esquadrão formado pelo goleiro Luiz Carlos, Humberto, Ronaldo, Itajaí
e Albérico (Toba); Bel e Tombinho; Neném, Pinga, Marinho e Wanderlei. O plantel ainda
contava com Biel, Evaristo, Carlos Viana, Américo, Nego, dentre outros. Em três anos de
futebol amador, três títulos de campeão consecutivos, marcando positivamente o início da
carreira futebolística que abraçara.
Mas o futuro era bastante promissor e em 1966 Bel se transfere para o Fluminense. Se
reencontra com colegas de outros clubes, num time formado por Luiz Carlos, Amaro,
Ronaldo, Santinho, Amilton, Carlos e Fernando Riela, Waldemir Chicão, Ratinho, Totonho,
Carlos Antônio, Orlando Nabizu, Wanderlei, Jonga e Humberto, dentre outros. E neste ano,
mais uma vez, levanta a taça de campeão itabunense.
E em 1967 uma mudança revoluciona o esporte do Sul da Bahia, com a profissionalização
do futebol. Em Ilhéus, Flamengo, Vitória e Colo-Colo; em Itabuna, o recém-criado Itabuna
Esporte Clube representa a cidade. Bel encerra a fase amadora e é contratado como

profissional pelo Itabuna Esporte Clube. Em 1968 se transfere para o Colo-Colo de Ilhéus,
clube em que joga até 1969.
Em 1970, Bel continua jogando na vizinha cidade praiana, mas desta vez pelo recém-
criado Ilhéus de Futebol e Regatas. No ano seguinte retorna ao Itabuna Esporte Clube,
onde fica até julho de 1972. Em agosto (72) é contratado pelo Atlético de Alagoinhas para
disputar o Campeonato do Norte e Nordeste, retornando ao Itabuna em 1973, quando
decide parar a carreira, embora continue ocupando outros espaços no futebol.
No ano de 1976 volta ao Itabuna Esporte Clube, agora para emprestar todo o
conhecimento adquirido em anos de futebol. Exerceu os cargos de treinador de goleiros,
auxiliar técnico, muitas vezes assumindo o comando técnico da equipe. Em 81 foi auxiliar
e técnico do Itabuna juvenil. Mais tarde, também a convite de João Xavier, treinou várias
categorias de Masters da AABB de Itabuna.
Jogador clássico, de chute certeiro e passes longos e milimétricos, Bel foi convidado por
clubes do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Aprovado no Botafogo, por questões particulares
preferiu voltar a Itabuna. Junto com Deri, Caxinguelê e Juvenal, em 1967 treinou no
Atlético Mineiro. Aprovados, não continuaram no “Galo Mineiro” devido aos baixos salários
e péssimas condições moradia e trabalho.
Em 1969, convidado pelo Flamengo, retorna ao Rio de Janeiro e é aprovado pelo clube da
Gávea, onde permanece por cerca de 40 dias em treinamento. Mais uma vez decide
retornar a Itabuna, agora pela falta de um empresário que cuidasse de sua vida
profissional. No rubro-negro carioca tinha que disputar espaço no meio de campo com
craques a exemplo de Carlinhos, Liminha, Cardosinho, o paraguaio Reyes e Zanata
(estourando a idade).
E assim, após mais de 25 anos de dedicação ao futebol, se transferiu para a atividade
privada e, em seguida passa a ocupar cargo no Poder Judiciário, inicialmente na Justiça de
Defesa do Consumidor (1991), e depois, em 1993, é aprovado em concurso público para a
Justiça do Trabalho, se transferindo para Teixeira de Freitas, retornando a Itabuna após a
aposentadoria.
Bel, um craque a ser sempre lembrado.

*Radialista, jornalista e advogado

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