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A VITÓRIA DA MEDICINA CURATIVA SOBRE A PREVENTIVA

A VITÓRIA DA MEDICINA CURATIVA SOBRE A PREVENTIVA

Nesta situação grave da pandemia estamos travando uma grande batalha pela
preservação da vida, embora essa frente de luta não é vista de maneira uniforme por
diversas instituições. Não acredito que seja por má-fé (assim espero), mas por visão de
mundo, pensamentos filosóficos diversos em não se busca atacar o que realmente
interessa, a preservação da saúde.
E não estranhe os senhores esse procedimento, que durante décadas – ou séculos – vem
sendo praticado no Brasil, com os esforços da medicina governamental sendo voltada
quase que exclusivamente para a cura dos doentes. A prevenção é coisa rara, pois o
atendimento médico e hospitalar sempre foi uma loteria, na qual poucos são os premiados
com uma consulta ou a realização de exames e procedimentos.
É fato, simplesmente. Não dá pra esquecer que antes da pandemia chegar ao Brasil os
veículos de comunicação tinham como pauta diária as unidades de saúde da família, as
unidades de pronto atendimento e os hospitais. Os repórteres das emissoras de rádio e
televisão apreciam com o modus operandi diário mostrando filas enormes, mulheres
parindo nas filas, sem qualquer atendimento, pessoas que não conseguiam marcar
exames.
Uma simples consulta oftalmológica demorava seis meses, um exame patológico dependia
da sorte e da coragem de enfrentar uma fila desde o dia anterior, dormindo ao relento,
por vezes nem a ficha conseguia. Não podemos esquecer – assim de repente – as
requisições médicas solicitando um exame de alta complexidade, alertando para os riscos
do paciente vir a óbito, caso o procedimento não fosse realizado.
Pois bem, após a pandemia passamos a esponja na lousa do passado e aprendemos
apenas a contabilizar os mortos, após os diminuirmos da lista de infectados e fazermos
novas previsões sinistras para o dia seguinte. Não nos preocupamos (nós, vírgula) com o
estado de saúde dessas pessoas, o seu histórico e o que os levaram a óbito. Basta bater
um carimbo Covid-19 no atestado de óbito. Simples assim.
Para um estrangeiro que não conhece o Brasil, uma rápida olhada nas estatísticas dos
prontuários e nos atestados de óbito, constatariam que o Brasil deu um salto de qualidade
na saúde, eliminado doenças que se arrastavam por décadas. Ninguém mais morre de
doenças cardíacas, hipertensão é coisa do passado, tuberculose foi totalmente erradicada.
Parafraseando Euclides da Cunha: “O brasileiro é, sobretudo, um forte”. Não fosse a Covid-
19.
Na medicina a ciência é apenas uma segurança nos procedimentos, que aponta para quais
medicamentos são os indicados para determinados males, conhecidos e estudados após
anos de pesquisa. Entretanto, é diferente o atendimento médico em um hospital de ponta
ou num pequeno e longínquo município das regiões norte e nordeste, em que vale mais o
feeling do médico ao auscultar o paciente, que às vezes não consegue nem falar.

A depender da situação, acima da ciência está a compaixão do profissional que estudou
tanto tempo com a finalidade de tornar o mundo melhor com pessoas sadias e,
principalmente, salvar o bem maior de um ser humano, a vida.
E quando não dispõe do medicamento indicado pela ciência para salvar uma vida, em
condições extremamente adversas, sem UTI aérea, equipamentos de ponta e manipulação
de medicamentos? Por ventura o médico abandonará o seu paciente por falta de recursos,
ou envidará todos os esforços para, no mínimo, conseguir dar uma sobrevida, nem que
seja considerado um milagre?
Diante de todas essas dificuldades impostas pela pandemia, a lógica nos direciona a uma
ampla mobilização dos serviços de saúde para um programa nacional de prevenção,
garantindo, assim alta imunidade das pessoas, principalmente os que sofrem de doenças
que aumentam os riscos de infecção. Apesar desse conhecimento, preferimos o nosso
atavismo da medicina curativa. Quando pode curar, bem, caso contrário…
A saúde é uma questão de escolha. E a medida mais acertada salva vidas, haja vista
alguns municípios brasileiros que destoam do geral, por simples decisões de seus
prefeitos, alguns deles médicos, outros que sabem ouvir médicos de sua confiança. Aos
médicos é dado o direito de cuidar do seu paciente com a medicação que considera
correta para o procedimento. Entretanto, alguns preferem a contramão e a sociedade
paga caro por essa queda de braço desnecessária.

Por Walmir Rosário;Radialista, jornalista e advogado

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