Rio Cachoeira

Em suas águas puras,
límpidas e cristalinas;
diamante, dominante…
Pescávamos
pitu, calalambau,
curuca e piau;
maçambé, bagre e beré;
caboje, mussum e moréia,
acarí, robalo e tucunaré…
Até siri que subia da maré!
Ouvindo o cantar
nos sobrevoos dos paturis,
“Espanta Boiada”,
macucos e graúnas…
Mas o progresso perverso
no chão grapiúna chegou.
Até no leito do Rio Cachoeira pousou!
Ferido, implora socorro…
Sufocado, poluído,
gemendo quer viver.
Nunca mais os banhos
dos meninos e das meninas…
O cantar dos curiós…
No seu abraço.
Nunca mais as pescarias…
Nunca mais as lavadeiras…
Nunca mais os canoeiros…
Nunca mais o jumento com os carotes…
Lamento!
O rio está sumindo,
morrendo na ambição…
Ficando só nas lembranças,
contadas nos versos dos poetas
e dos artistas da arte e da pintura,
na dor da beleza que voou.
Primeiro, sem critério,
os excrementos, os dejetos…
Com eles, as baronesas na proteção.
Sumiu a vida aquática,
sufocada pelo campo verde das baronesas
e pela espuma branca da poluição,
da ignorância humana!
Trazendo a dor ecológica
às almas e aos corações
de quem ama,
na realidade e no abstrato da canção:
“Menino do Rio!”.
Não provoquem um Cachoeira
de correntezas de lágrimas…
Joselito dos Reis
01.09.2025