Há 124 anos os Batistas chegavam à região Sul da Bahia
Eles chegaram à região em 1898, ao rio Salsa, município de Canavieiras, quando atraídos por uma carta que pedia esclarecimento sobre os Evangelhos. O missionário americano Zacharias Clay Taylor, sediado em Salvador, enfrentou uma longa jornada por navios e canoas, pregou a Palavra e realizou os dez primeiros batismos. Dois anos depois, essa comunidade ampliada organizava a Igreja Evangélica Batista do Salsa.
Assim começou a história da chegada dos Batistas em terras grapiúnas. Para encontrar esta origem, as historiadoras Janete Ruiz de Macedo, da Uesc, e Almiranice Cidade Araújo, do Seminário Teológico Batista do Nordeste (SBTNe), fizeram uma exaustiva pesquisa nas atas das igrejas e em jornais, como O Jornal Batista, de circulação nacional, fundado em 190,1 e A Voz do Sul, que circulou no sul da Bahia no período de 1923 a 1940.
As duas pesquisadoras participaram da mesa redonda “Os Batistas chegam à região Grapiúna”, que encerrou a semana comemorativa ao aniversário da cidade, promovida pelo Centro Cultural Teosópolis, em Itabuna. A atividade foi coordenada pelo professor Aurélio Macedo, presidente da Associação de Beneficência e Cultura Teosópolis.
150 anos de Brasil
O primeiro grupo de Batistas chegado ao Brasil veio fugindo da Guerra de Secessão, nos Estados Unidos, em 1871. O grupo fixou-se em Santa Bárbara do Oeste, em São Paulo, onde organizou a primeira Igreja Batista em solo brasileiro. A segunda igreja foi criada em 1879, no hoje município de Americana, em São Paulo. “No início, os cultos eram realizados em inglês para atender os imigrantes”, conta Almiranice Araújo.
Essas igrejas, então, pediram aos batistas americanos que enviassem missionários ao Brasil, pois o campo era vasto. Então, os batistas chegaram à Bahia, onde fundaram, em 15 de outubro de 1882, a Primeira Igreja Batista em terras baianas. Ela apresentou, ainda, a controvérsia historiográfica sobre a data da instalação do trabalho Batista no Brasil.
Janete Macedo trouxe uma minuciosa trajetória da expansão dos Batistas no sul da Bahia, apresentando ao público a figura da jovem Cecília Bittencourt, que iniciou o trabalho batista no Pontal de Ilhéus, e do pastor João Izidro de Miranda, missionário-itinerante que pregava, evangelizava e distribuía Bíblias pelos municípios de Ilhéus e Itabuna.
As excursões evangelísticas do Pastor João Izidro se prolongam por toda a primeira década do século XX. Congregações e igrejas foram implantadas. Em 1913, Cecília Bittencourt organizou a primeira Escola Bíblica e, em 1915, com o auxílio do pastor Izidro, instalou a Congregação do Pontal, que dois anos mais tarde se transformou na Igreja Evangélica Batista do Pontal, igreja-mãe da atual Primeira Igreja Batista de Ilhéus.
No mesmo ano foi organizada a Congregação Paty Verde, localizada em Ribeirão das Canoas, hoje Itajuípe. A um público atento, a professora disse que dois anos depois essas duas congregações se organizam em igrejas. “Com 20 membros, foi criada em 1917 a Igreja Evangélica Batista de Ribeirão das Canoas, na atual Itajuípe”.
Esta igreja é a mãe da Igreja Batista Teosópolis de Itabuna. Um ano depois a Congregação de Macuco, hoje Buerarema, também foi organizada como igreja e, em 1920, foi a vez de Itabuna passar pelo mesmo processo. Foi fundada em Itabuna a Primeira Igreja Batista de Itabuna, instalada na Rua Rui Barbosa.
A professora Janete concluiu apresentando os pastores que deram continuidade à presença batista na região: José Lúcio Pereira, Isidoro Cândido Pereira e Antonio Deraldo da Silva. “A história é algo fascinante”, disse, eufórico, o aposentado evangélico batista Jair Macedo.
As duas professoras desenvolvem já há algum tempo pesquisas sobre os batistas. Almiranice Cidade Araújo iniciou sua pesquisa sobre os batistas em 2016 e Janete Ruiz de Macedo tem um livro publicado sobre a história dos Batistas em Ilhéus.
OS BATISTAS
Os batistas são conhecidos em todo o Brasil pelo intenso trabalho social. Em Itabuna, por exemplo, a Igreja Batista Teosópolis, que é a segunda Igreja batista organizada na cidade, com o apoio da Associação de Beneficência e Cultura Teosópolis (ABCT), seu braço jurídico para promoção da ação social, tem uma forte atuação na comunidade, desenvolvendo vários projetos.
Seu Ministério da Ação Social mantém, há 10 anos, o Projeto Cabra-Macho, ação voltada à saúde do homem, onde são oferecidos gratuitamente exames de detecção do câncer de próstata, com acompanhamento. É considerado o maior do Brasil. Centenas de homens já foram comtemplados pelo projeto, que foi idealizado pelo pastor Hélio Lourenço, já falecido, e envolve a participação de 250 voluntários, além de dezenas de profissionais de saúde.
A IBT desenvolve também ação voltada aos idosos, mantendo o Centro de Convivência do Idoso “Hilton Alves de Medeiros”, conhecido como “Casa do Vovô”. Nesse espaço são oferecidos cursos de artesanato, corte e costura, aperfeiçoamento musical por meio do canto coral, além de atividades lúdicas e palestras nas áreas de enfermagem e nutrição.
No campo educacional, a Igreja mantém o Instituto Teosópolis, em parceria com o município, oferecendo educação fundamental gratuita, além do Colégio Batista de Itabuna, que oferece o ensino infantil, fundamental e médio. Conta também com o Acampamento Teosópolis, um espaço de lazer e para grandes eventos, localizado na BA-001, KM 10, próximo à Vila Juerana, em Ilhéus.
Mais ações sociais
A Teosópolis desenvolve também o Projeto Morar Melhor, para a construção e recuperação de moradias voltadas a pessoas carentes. Durante a enchente ocorrida no final de 2021, a Igreja Teosópolis, por meio de seus membros voluntários, preparou e entregou 18 mil refeições a pessoas atingidas pela enchente, sendo oferecidas três refeições por dia. Também foram doadas camas box, jogos de cama, geladeiras, fogões, botijões e vale-gás.
Os produtos foram adquiridos via doações da comunidade e teve o apoio da empresária Maria Luiza Trajano, do Magazine Luiza, que renunciou ao lucro das vendas, repassando os produtos a preço de fábrica.
Recentemente a IBT entregou à comunidade dois novos equipamentos: O Centro Cultural Teosópolis “Cacilda Lourenço Silva”, espaço ligado à cultura e às artes. O local abriga o Centro de Memória Teosópolis, fundado em 2013, e a Escola de Música Sacra de Itabuna (Emusita), com 34 anos de existência.
O espaço busca recuperar a história por meio de exposições temporárias e pela exposição permanente sobre a história dos Batistas na região e a vida e obra do pastor Hélio Lourenço da Silva. No aniversário da cidade a IBT entregou o Complexo Social Teosópolis Professora Agenilda Palmeira Ramos, formado pelo Ambulatório Teosópolis, para atendimento gratuito à população e o Mercado Solidário, para fornecimento de alimentação e a sede da Associação de Beneficência e Cultura Teosópolis (ABCT).
Evangelização
Além do sermão religioso e pastorais de ofício, a Igreja Teosópolis promove, há 31 anos, o Encontro de Casais com Cristo, destinado a promover a melhoria da relação espiritual dos casais. Para jovens, conta com o Ministério Teen, a Liga Teen e o Encontro de Jovens com Cristo, que desenvolvem ações voltadas aos jovens e adolescentes.
Produção de alimentos na enchente

Ambulatório Teosópolis

Cabra Macho

Mercado Solidário

Distribuição de Donativos

Projeto Morar Melhor

Centro Cultural




Bom dia !
Procurando o nome fo meu avô hj no Google achei essa narrativa sobre os Batistas e vi que meu avô é um dos realizadores da “História dos Batistas na Bahia”(PR.Isidoro Cândido Pereira, sou filha do filho dele Gidalthi Da Silva Pereira).
Tenho um trabalho da Pós-Graduação em História do Brasil(UESC),a respeito dos Batistas no Sul da Bahia: EXPANSÃO DO PROTESTANTISMO BATISTA NO SUL DA BAHIA-Itabuna 1923 a 1940.Utilizei vários jornais que circulavam na época,principalmente A Voz do Sul(1923-1940).Esse material foi entregue por mim ao CEDOC DA UESC.