Raimundo Galvão: “Eu ganhei a parada! ”
Redação de Jornal:
As suas histórias………………………Por Joselito dos Reis:
Nas nossas vidas existem fatos ou coisas que ficam martelando a
nossa mente, parecendo implorar conte essa história ou estória. Por
esses motivos resolvemos escrever alguns fatos que por acaso
vimos e fomos testemunhas nas oficinas ou na redação do pujante
e combativo, Diário de Itabuna, hoje com os seus arquivos no
CEDOC da nossa querida UESC.
A primeira estória ou história, vamos falar do nosso saudoso
amigo/professor e jornalista Raimundo Osório do Couto Galvão.
Gente que ajudou no desenvolvimento desta cidade. Veio lá das
terras de Valença, parar em Itabuna, após morar na nossa querida,
cidade natal de Ibicaraí. Cidade essa que Raimundo Galvão amava
por ofício; Galvão, marido de D. Sebastian! Como ele mesmo
gostava de dizer. Para os que têm dos 50 aos 60, de idade,
lembram e sabem que Raimundo Galvão, (que na redação do
jornal, recebeu o apelido de “Dr. Certinho! ”, por ser muito exigente),
escrevia a coluna diária: “Contexto”. Nesse espaço, ele narrava
todos os fatos de Itabuna e região, especialmente, do comércio, já
que ele, além de escrever no jornal, ensinava em colégios da
cidade. Lembro-me, que um desses, era o famoso “Gato de Botas”,
de Rita Fontes. Também prestava seus serviços à Câmara de
Dirigentes Lojistas-CDL, durante alguns anos, ao lado de Diogo
Caldas, passando pelas presidências de: Milton Veloso, Vily
Modesto, Dalton Azeredo, Nilza Azevedo, Adolfo Gomes e outros.
Apaixonado pelo futebol e torcedor do Fluminense, fazia as
coleções de várias revistas e livros de séries. Entre as revistas
podemos destacar a “Manchete Esportiva”, “o Placar”, “Texas”,
“Pasquim”, e muitos outros. Ele era um devorador de jornais e de
livros. Quando saia à tarde da CDL, tinha um compromisso de
passar nas bancas de revistas e pegar seus impressos! “O
jornaleiro que não guardasse! Era briga de uma semana! Chovesse
ou fizesse Sol”. Quando ele, não podia pegar os impressos, no
mesmo dia, o fazia no outro. Isso, porque, às vezes, atrasava,
devido às reuniões de diretoria, ou banquetes da entidade. Comuns
naquela época, com a economia do cacau, pujante, forte e, em
crescimento… Economia essa, que mais tarde veio a ser quase
totalmente exterminada, pela temível e terrível “vassoura de bruxa”,
trazida pela mão humana, conforme processo (arquivado) na Policia
Federal. Ilícito, que não saiu veredito e, que, agora não vem ao
caso…
O certo, é que um dia “Dr. Certinho! ”, sai da CDL para o almoço e,
como de costume, fazia o trajeto Cinquentenário, Adolfo Maron,
passando pela porta do Diário de Itabuna, na Inácio Tosta
Filho/Osvaldo Cruz, aproveitava e deixava seu material, ou seja, a
coluna e seguia para o seu destino, Bairro Pontalzinho, onde
morava. Neste dia, chovia! Mas, mesmo assim, ele passa na Banca
de Revista, localizada na Praça Adami; os jornaleiros, seus velhos
amigos: Carlos e “Malcher! ”, lhe entrega os impressos e, mesmo
chovendo, ele segue seu caminho, aproveitando a proteção das
marquises. Entra na Adolfo Maron, com o pacote de livros, jornais e
revistas e já chegando na antiga Doll Modas, ele seguia pelo lado
direito, canto da parede. Em ordem contrária vem um cidadão, mais
jovem, na sua mesma direção, ele não desviou e nem a outra
pessoa! Os dois pararam e ficaram a se olhar, calados…, para ver
quem abriria mão do espaço. Isso não aconteceu! Faltou educação
de uma parte ou da outra. Como estava demorando muito, o
jornalista Raimundo Galvão (Dr. Certinho!), abriu uma de suas
revistas e começou a folheá-la… O rapaz, chateado, com a
inconstância de Galvão, olhou para ele e disse: “você é um velho
chato…, seu velho! ”. Raimundo Galvão, na maior calma lhe
respondeu: “Mas eu ganhei a parada, meu garoto…! ” O seu
oponente, espumando de raiva foi embora…
Raimundo Galvão contou essa história na redação do Diário de
Itabuna e foi a maior algazarra do pessoal, tanto da oficina, como
da redação do jornal. Naquela época, tudo que acontecia na cidade
ou região, a redação do DI, era a primeira a ser informada. Nesse
dia estavam presentes, na redação, Robertão Pedreira, chefe da
oficina e Edízio Santos, impressor, além de Nilson Andrade, editor,
Everaldo Benedito, revisor, além do comunicador Vily Modesto e o
poeta Telmo Padilha, estavam de passagem. Esperavam a chuva
sessar para também irem almoçar. Essa é uma das muitas
histórias/estórias do nosso saudoso, professor e jornalista,
Raimundo Osório do Couto Galvão que nos deixou em agosto de
1993. Fez muito por Itabuna e merece uma honraria in-memorem,
por parte de nossas autoridades legislativas.
O Diário de Itabuna, foi fundado em 20 de outubro de 1957 e
encerrou suas atividades jornalísticas em 11 de janeiro de 1995.