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LUA RIELA, MEIO CAMPISTA VELOZ E DRIBLADOR-Por Walmir Rosário*

LUA RIELA, MEIO CAMPISTA VELOZ E DRIBLADOR-Por Walmir Rosário*

Fernando Riela, Bel Moreira, Carlos Riela e Lua Riela

Pode considerar que não abro essa crônica com nenhuma apelação, apenas
exponho o sublime ditado conhecido de todos: “O que é bom já nasce feito”. E
me refiro ao craque Lua Riela, que ainda aos 13 anos já era titular do quadro
aspirante do Flamengo de Itabuna. E com o aval do presidente do dito
Flamengo, Oswaldo Benevides do Rosário, que o considerava um jogador
diferenciado, um craque, sem tirar nem pôr.
E tinha razão o cartola grapiúna, pois aos domingos, além de jogar a partida
preliminar, ainda era convocado para ficar no banco do time titular, com amplas
possibilidades de entrar em campo no jogo principal. E não era pra menos, pois
os que tiveram a oportunidade e felicidade de vê-lo jogar futebol de salão –
hoje futsal – tinham certeza de que seria um futuro craque do futebol de
campo. E acertaram em cheio.
Também pudera! Lua, ou Luiz Raimundo Riela da Costa, nascido em Itabuna, ali
no bairro da Conceição, em 1946, ostentava o DNA da família Riela. Com os
irmãos e craques Fernando, Carlos e Leto, formavam os quatro superastros do
futebol itabunense nos anos 1960 e 70, encantaram a Bahia e o Brasil. A dúvida
entre os torcedores seria quem deles era o melhor, embora com sua modéstia
Lua sempre sustentava que seria o irmão Fernando. Páreo duro.
Como era flamenguista (carioca), jogar no Flamengo (mesmo o de Itabuna),
lhe fazia feliz. Porém, por imposição de seu Astor, seu pai, deixou o Flamengo
para jogar no Fluminense de Itabuna. E não chegou sozinho, desembarcou com
os seus três irmãos, o também meio-campista Carlos, o lateral-esquerdo Leto e
ponta-esquerda Fernando. Não deu outra, o Fluminense foi campeão
itabunense.
Campeão, se transferiu para o Janízaros, jogando ao lado de craques
excepcionais, como Déri e o amigo inseparável dos tempos de futebol de salão,
Bel; seus irmãos Fernando e Carlos Riela. E o Janízaros passou a jogar com um
meio de campo imbatível, com Lua, Bel e Carlos Riela. Mas sua habilidade em
campo mostrava ser um jogador versátil, atuando na ponta-direita e até na
ponta-esquerda.
Apesar da pouca idade, Lua atuou no campo da Desportiva com os craques
mais velhos e consagrados, a exemplo de Luiz Paraguaio, os goleiros Plínio
Assis e Luiz Carlos, Santinho, Abieser, Nazir, Caçote, Caxinguelê, Maneca,
Agildo, Piaba, Zé David, Florizel (este a quem ele considera o maior
centroavante que já viu jogar em Itabuna), além de Tombinho, Amilton,
Valdemir Chicão, e toda uma legião de excelentes jogadores.

Com o irmão Carlos, Bel e Déri formou um dos melhores e mais criativos meio-
campo que Itabuna já viu jogar, defendendo e armando jogadas para que os
atacantes as convertessem em gol. Por ser veloz e driblar com facilidade,
protegia a zaga e alimentava o ataque de forma cautelosa. De acordo com o
posicionamento da defesa adversária, passava a bola para Bel, de extrema
habilidade, cujos passes longos e bem colocados eram considerados meio gol.
Franzino, sem ser esquelético, Lua era considerado o caçula pelos colegas dos
times e seleção em que jogou. E a proteção dentro e fora de campo era
natural, a começar pelo craque Santinho, considerado o jogador mais completo
das décadas de 1950/60. Não era de fazer gols, mas seria atualmente
considerado um “garçom”, na linguagem futebolística dos dias de hoje, dando
passes certeiros aos atacantes.
Certa feita, quando ainda jogava pelo Fluminense e ganhava o jogo por 2X0, o
árbitro marca um pênalti e toda a torcida pede para que Lua batesse a
penalidade. Mesmo sem ter tal habilidade, por insistência dos torcedores, foi lá,
bateu e marcou o gol. Numa das partidas do Janízaros contra o Flamengo,
mesmo com o nariz quebrado numa jogada, ficou até o fim do jogo e foi
considerado o melhor em campo. Como sempre.
Em 1967 surge o Itabuna Esporte Clube profissional e Lua, com os irmãos Leto,
Carlos e Fernando Riela deixam o amadorismo e se integram ao
profissionalismo. De cara, o técnico Velha passou a utilizar Lua Riela como um
coringa, solucionando qualquer problema na substituição de jogadores nas mais
variadas posições. Dava conta do recado direitinho.
E, encantando com o futebol praticado por Lua, o técnico Velha, o convida para
seguir com ele para outras equipes em que fosse treinar. Entretanto, num
desentendimento entre Velha e o irmão Leto, vetado no time, seu Astor pede
que todos os irmãos deixem o Itabuna. Ou jogariam os quatro, ou nenhum. E
todos obedecem ao pai.
E assim, aos 23 anos, Lua Riela, mesmo tendo convite de equipes de Ilhéus e
outras cidades, preferiu encerrar sua carreira de futebol profissional, se
dedicando ao futebol de salão (futsal). Convidado por times do Rio de Janeiro,
São Paulo e Minas Gerais, preferiu continuar em Itabuna e seguir sua vida
profissional como bancário. Lua parou de jogar futebol cedo, bem como partiu
desse mundo antes do combinado. Mas se perpetuou na história.

*Radialista, jornalista e advogado

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